Redução da jornada e trabalho decente em debate
Presidente do Sindiserv mediou mesa de conversa que discutiu monopólio das big techs, terceirização e sindicalismo em Porto Alegre
O debate Trabalho Decente: Redução da jornada de trabalho foi realizado na terça-feira (21), na sede do SindBancários Porto Alegre. A atividade integrou a programação do Seminário Internacional Democracia, Equidade e Justiça Socioambiental – combater o fascismo, as desigualdades e o racismo, evento que celebrou os 22 anos da edição de estreia do Fórum Social Mundial (FSM), realizado pela primeira vez em 2001, na capital gaúcha.
A conversa mediada pela presidente do Sindiserv e dirigente da CUT-RS, Silvana Piroli, e pelo presidente da CTB, Guiomar Vidor, contou com a presença da pesquisadora do DIEESE, Lúcia Garcia, dos desembargadores do TRT-4, Marcelo D’ambroso e Luiz Alberto de Vargas e o superintendente do MTE, Claudir Nespolo.
Mudanças na relação entre o trabalho e o tempo do trabalho
Para a pesquisadora do DIEESE, é preciso compreender os impactos que o sistema capitalista impõe na jornada e na qualidade do trabalho da população. Assim como as empresas de tecnologia, as big techs, também trouxeram mudanças na relação entre o trabalho e o tempo do trabalho. “Temos trabalhadores exaustos, esgotados, conectados e disponíveis o tempo todo.” pontua a pesquisadora.
Diante dessas mudanças que interferem na qualidade de vida do trabalhador, é necessário articular e pleitear por melhores condições de trabalho. Para o desembargador do TRT-4, Marcelo D’ambroso, é nesse momento que os sindicatos são essenciais. Mas ele trouxe uma reflexão sobre como o capitalismo ataca diretamente o Direito do Trabalho e descredibiliza os sindicatos.
Para D’ambroso, as redes sociais podem ser uma das estratégias de luta contra esse movimento de precarização e uberização do trabalho, como as campanhas da escala 6×1, que mobilizaram o debate nas redes.
Necessidade de fortalecer os sindicatos
A terceirização do trabalho também foi pauta da mesa de discussão, o superintendente do MTE, Claudir Nespolo, colocou em perspectiva a dura realidade dos trabalhadores terceirizados que vivem na inconstância. Trabalhadores que não recebem salário, que não tem seus direitos respeitados. Claudir também pontua a necessidade de fortalecer os sindicatos, segundo ele os trabalhadores precisam se reconhecer enquanto trabalhadores.
O desembargador do TRT-4, Luiz Alberto de Vargas também falou sobre a falta de consciência de classe. Para Vargas, o momento é de luta contra o monopólio das big techs, como a META, que se mostram cada vez mais nocivas à democracia, assim como a disseminação de desinformação e fake news.
Ao final da conversa, foram destacados quatro pontos importantes para serem encaminhados e colocados em prática:
- Redução da jornada sem redução de salário, a partir de uma campanha unificada das centrais sindicais pela redução da escala 6×1.
- Combate ao trabalho infantil e ao trabalho análogo à escravidão.
- Isenção real do imposto de renda até R$ 5 mil reais e a taxação de grandes fortunas.
- Organização do 1° de maio unificado das centrais sindicais, com a pauta principal da redução de jornada sem redução de salário.
O seminário deu continuidade aos debates promovidos pelo Instituto Novos Paradigmas (INP) no ano de 2024 e funcionou como abertura dos debates internacionais sobre Democracia e Combate aos Autoritarismos no Sul Global, que serão realizados em 2025 no Uruguai e Chile.
Com informações e fotos de CUT/RS